27.6.07

Comédia: Louis CK - Shameless

Saiu ontem nos EUA, em DVD, o HBO Special de 1 hora de Louis CK, intitulado Shameless. Digo isto só porque se trata de um humorista que provavelmente muita gente não conhece, e é uma pena. Porque é daqueles comediantes que nos fazem dizer "porque é que eu não pensei nisto antes?". Ainda só vi 2 ou 3 clips da rotina inteira e já fiquei fã incondicional. E para não ser o único, tomai e comei:


"Go skate into an AIDS tree, you motherfucker!"


"I think she felt like she had raped herself with my dick."


"Maybe she fuckin' hates Jews, I don't know..."


"She might as well be dead at that point!"

26.6.07

Ora pois, pois (ou a arte de maldizer os pernas-de-pau brasileiros)

Uma das coisas que podem esperar quando vierem cá ao estaminé é, de vez em quando (prometo que não serão muitas vezes porque não falta quem o faça), vou bitaitar sobre futebol. Nem é tarde nem é cedo: é agora mesmo.

Como referido no título, vou cascar nos brasileiros que todos os anos desembarcam em contentores na costa do nosso cantinho, distribuindo-se depois pelos clubes da I, II, III divisões até aos distritais (sim, eu sei que se diz Bwin Liga, Vitalis e tal e coiso, mas isto muda todos os anos por isso já nem estou pra me chatear). Honestamente, alguém me explica a lógica desta política de contratações?

Será que alguém percebe que este tipo de estratégia acaba quase sempre em prejuízo, em jogadores que passados poucos meses são recambiados para o outro lado do Atlântico, sem que as suas prestações tenham valido sequer os bilhetes de avião? É inacreditável. E não há quase uma única equipa que não o faça. Este ano temos já estas vedetas asseguradas (rufos, luzes, abram-se as cortinas!):

Chiquinho! Este médio ofensivo canhoto, recentemente contratado pelo Belenenses, provém do Inter de Santa Maria! Anteriormente esteve ainda no São Luiz de Ijuí, Grémio Bagé e nesse gigante que dá pelo nome de Ulbra!

Laionel! Fabuloso extremo, com um nome tão idiótico como o do ex-sportinguista Deivid, provém do Vila Nova de Goiás para reforçar o ex-campeão nacional Boavista!

Felipe Brochieri e Bruno Lazaroni! A Naval da Figueira da Foz não esteve com meias medidas, e trouxe não um mas dois craques com nomes fabulosos! O primeiro provém do colosso Palmeiras B, tendo anteriormente estado no prestigiado Grémio Barueri! O segundo jogou já no Atlético Sorocaba e União Barbarense! Um duo dinâmico, não tenham dúvidas.

Jessuí! Mais um triste que devia processar os pais! Este avançado, disputado pelo Paços e Leiria, acabou na cidade do Lis. Sem dúvida um passo atrás na carreira, uma vez que passou já pelos conceituados Trairiense, Aracati, Ipiranga, Oeste e Icasa!

Mas atenção, porque agora vamos à equipa que mais e melhor se reforça na terra do Pau Brasil (olha, bom nome para uma fita pornográfica!): o Paços! A equipa da capital do móvel contratou já Édson Di e Kiko do Coruripe, Fernando Pilar do Central de Caruaru e Márcio Carioca do Ceará!

Atenção, eu não tenho nada contra jogadores brasileiros em particular. Eu tenho é muito contra maus jogadores brasileiros. Que raio, será que não há maus jogadores em Portugal? Que é feito de um bom Fernando Aguiar, de um Mário Sérgio, sei lá, de um Kata? Hein?

Só se for realmente por causa dos nomes. Por mais que tentemos, será sempre difícil bater um Laionel ou um Jessuí. E nem vou falar do Brochieri.
E preparem-se, porque até à data limite de transferências muitos outros irão aparecer.
Só para acabar, duas frases que eu acho que definem realmente a ligação Brasil-Portugal no que diz respeito a futebol:

"Nuno Cardoso sublinhou que a Naval 1º de Maio foi obrigada a "fazer algum esforço" para garantir os serviços de Felipe Brochieri, pois "havia vários clubes interessados no jogador"." - Lusa
Em defesa de Nuno Cardoso diga-se que realmente os clubes que procuram jogadores no Palmeiras B (!) são normalmente dotados de um poderio financeiro fabuloso. Há quem diga que estão até ao nível de um Salgueiros!

"O meu salário é menos do que eu mereço mas justo dentro do que o clube pode oferecer." - Sebastião Lazaroni (pai do supracitado Bruno Lazaroni), novo treinador do Marítimo.
Já se sabe que, realmente, Sebastião Lazaroni, muitas vezes comparado a José Mourinho (nomeadamente por ambos serem seres humanos e respirarem - Eh, já é alguma coisa...) podia ficar no Brasil a receber milhões; ou é no Brasil que na maior parte das vezes nem dinheiro têm para pagar aos jogadores e treinador? É capaz, é. Referir só que este artista é o mesmo que tentou, no mundial de 1990 ao comando do Brasil, introduzir a posição de líbero na canarinha. Acabou eliminado nos oitavos. Não se admirem que tenhamos aqui um novo Mick Wadsworth.

Música: Till Brönner - 4 Álbuns

Ouvia noutro dia uma compilação qualquer, e quando ouvi uma música em particular pus-me à procura de mais música do seu autor. O seu nome: Till Brönner, trompetista alemão. Acabei por ouvir 4 álbuns: Love (1998), Blue Eyed Soul (2002), That Summer (2004) e Oceana (2006).

A música que ouvia auto-intitula o seu lançamento de '02: Blue Eyed Soul. Sendo um fã de jazz electrónico gostei imediatamente da faixa. No entanto, foi também uma forma de me predispôr a ouvir a música do trompetista alemão de uma forma unilateral. E a realidade é que Brönner é um músico multifacetado: apesar da sua música ser claramente jazz, salta de sub-estilos em praticamente cada álbum: do Bop, ao jazz electrónico, jazz vocal e mesmo chill. Mas começando pelo início:

Till Brönner - Love (1998)

O título não engana: este álbum concentra-se no jazz melódico, romântico. Notam-se desde logo as influências de Chet Baker (que o próprio Till admite ser a sua referência fundamental, tendo mesmo lançado um álbum de homenagem - Chattin' With Chet); é um álbum muito bem conseguido, onde Till soa como um autêntico veterano. O tipo de jazz perfeito para noites relaxadas a dois.

Brönner aventura-se mesmo a cantar em duas faixas, sendo que não é, claramente, um cantor extremamente dotado. No entanto também não se aventura demasiado, e a coisa acaba por funcionar bastante bem, usando a voz quase como um acompanhamento à melodia. E o seu trompete brilha acima de tudo.

Um álbum muito bom.

Till Brönner - Blue Eyed Soul (2002)

Como já tinha dito, foi a faixa 4 deste álbum que me levou a conhecer mais sobre Brönner. E a faixa é uma excelente introdução a todo o álbum: jazz electrónico, misturado com samples variadas e scratching, cortesia de Samon Kawamura, DJ japonês que colabora no álbum.

Confesso que este álbum me enche as medidas: sendo um fã de Nu Jazz, reconheço neste álbum mérito que não vejo em muitos outros projectos. Não há aqui o agarrar a samples durante o álbum inteiro, coisa que normalmente acaba por tornar a música aborrecida e repetitiva; há sim uma excelente junção do jazz mais tradicional com a sua vertente mais electrónica, e existem ainda toques de soul evidentes, nomeadamente na faixa "Dim The Lights", com o vocalista Mark Murphy em clara inspiração (aliás, vou ter de conhecer melhor a música deste senhor um dia destes).

É um álbum que agradará tanto a fãs de DJ Shadow como de Dizzy Gillespie; aliás, os toques hip-hop de Kawamura são de muito bom gosto, e enriquecem o álbum. Se muitos projectos hip-hop/jazz falham por completo (essencialmente porque uma ou outra parte têm preponência ou porque os elementos usados são os errados), este não é claramente o caso. Em alta rotação no meu leitor de mp3.

Till Brönner - That Summer (2004)

OK, 2 estilos passados, outro se segue. No seu álbum de 2004, Brönner apostou na sua faceta crooner; pegou em standards jazz e em composições próprias e criou That Summer. Confesso que apesar de haver quem discorde comigo, este é o álbum que ouvi de Till do qual menos gostei. Como disse acima, não considero que seja um vocalista capaz de "encher" um álbum com a sua voz. Digam o que quiserem sobre Michael Bublé ou Harry Connick Jr., mas comparar a voz de Till com estes é comparar um Clio a um Série 6.

E o álbum acima de tudo aposta na voz de Brönner; confesso que a meio do álbum dou por mim a pensar: "já tou farto deste gajo". Mesmo que o acompanhamento esteja au point e as intervenções do trompete de Brönner sejam certeiras, acho que há claramente exagero em entregar a alma do álbum à voz dele. Não que o álbum seja mau de todo: agradará a fãs de jazz pop, mas quem conhece outros vocalistas jazz sabe que há melhor.

Till Brönner - Oceana (2006)

Ao fazer Oceana, Till pareceu concordar comigo em relação à insuficiência da sua voz para assegurar um álbum "cheio". Aqui convida alguns amigos, e que amigos: Madeleine Peyroux (das minhas vocalistas jazz favoritas da actualidade), a brasileira Luciana Souza e a modelo-cantora Carla Bruni. Há ainda assim algumas incursões pela voz de Till. Mas, lá está: quando não são em demasia não cansam, acabamos mesmo por simpatizar pela monotonalidade do alemão.

Till brilha sempre nos instrumentais (a faixa de abertura, "Bumpin'", de Wes Montgomery, é fabulosa) e as colaborações são realmente muito boas: Carla Bruni está fantástica, Madeleine Peyroux faz sonhar (como sempre) e Luciana Souza, que eu não conheço, parece ser um dos bons nomes do jazz e bossa brasileira. É, no entanto e para mim, a que menos brilha.

No cômputo geral devo dizer que achei um dos meus novos favoritos. Lembrem-se: Till tem apenas 36 anos, e o potencial para se instalar como um dos maiores da sua geração. Descubram-no; e mesmo que não gostem de jazz ouçam Blue Eyed Soul, que agrada a gregos e troianos...

22.6.07

O quê e para quê?

Sim, lá criei o raio do blog. É capaz de haver muito pouca gente interessada no que eu diga, mas eh, ao menos tenho sempre a satisfação de pensar que pode haver uma única que o faça. E um é o dobro de 0.5, não sei se têm a noção disto.

E acho que até tá engraçado, o diabo do blog. Tem umas corzitas e mai não sei quê. Sempre compensa o conteúdo. Que essencialmente é tudo e qualquer coisa que me passar pela marmita. A sério, num minuto posso estar a discutir a natureza humana como no seguinte a queixar-me dos preços do Pingo Doce. Mas vou tentar focar-me em coisas que interessem ao menos uma das duas pessoas (eu incluído) que vão ler alguma coisa disto: música, filmes, tv, web, arte, política (era capaz de ser giro!), humor, desporto (tinha de ser)...

Com um bocadinho de jeito pode ser que alguém daí até responda e podemos iniciar aqui uns ping-pongs engraçados. Estarei a ser optimista?

É capaz, é.