3.7.07

O poder dos videojogos (ou "Isto não é uma reflexão sociológica")

Um assunto que é debatido vezes sem conta nos meios de comunicação social, em congressos, conferências e reflexões, por psicólogos, pseudo-psicólogos e portadores de senso comum, ou mesmo pura e simplesmente ignorantes no assunto com vontade de bitaitar sobre o que não conhecem é aquele relativo ao poder dos videojogos sobre os seus utilizadores.
Normalmente isto vem a propósito de casos de violência que envolvam crianças que normalmente jogam títulos como Grand Theft Auto ou Carmageddon.

Ora, eu não quero entrar por esse caminho, por essa discussão, mais batida que a (aham) "respectiva"... Mas hoje achei particular interesse a uma questão em particular.

O Belenenses contratou para a sua equipa de futebol Evandro Roncatto, jogador brasileiro que fez furor quando jogava nos Sub17 e que, como tantos outros, viu a sua carreira a decair pouco tempo depois, acabando a jogar em clubes como o Náutico do Recife ou o Ipatinga. Diga-se que aquando do seu furor prematuro, diversos clubes de nomeada se interessaram por ele.Mas acabou no Belenenses (sem desprimor para o Belém, atenção).

Tudo isto estaria muito bem, tudo normal, sim senhor. Casos destes são habituais no futebol, muito mais no Brasil onde craques nascem e desvanecem-se todos os dias. Aliás, o Vitória de Guimarães contratou agora há dias Felipe, alcunhado de Tigrão, que foi internacional Sub20 e igualmente alcunhado de craque aqui há uns anitos e cuja carreira passou por clubes do mais baixo calibre no Brasil ultimamente. A diferença passa por outro factor.

Evandro Roncatto tornou-se numa vedeta, num nome comum para os adeptos de futebol por causa de jogos de computador. O famoso Championship Manager, e posteriormente Football Manager, tornou-o num craque virtual, um dos melhores jogadores jovens possíveis de comprar no jogo virtual. Os jogadores assumiram que Evandro viria a tornar-se num craque igualmente na realidade. Ao que parece faltou-lhe um bocadinho assim.

Mas este fenómeno é de facto curioso: desde quando é que um videojogo deste tipo influencia a ideia que clubes e adeptos têm de um jogador "real"? O facto é que o CM/FM tornou-se num "guia" para contratações até. Lembro-me aqui há uns anos de uma reportagem da SportTV sobre este jogo e havia mesmo elementos da equipa directiva do Vit.Setúbal que consultavam a base de dados do jogo para avaliar eventuais reforços. O Marítimo teve, há 2 anos talvez, Maxim Tsigalko à experiência, um caso similar de vedeta do CM que nunca mostrou o mesmo valor na vida real.

Será que faz sentido pensar que um agente de futebol pode tentar "vender" os seus representados conseguindo, de alguma forma, que estes sejam bem representados no jogo? Fará isto sentido? É capaz de ser uma estupidez minha (é costume), mas será que é possível?

Até porque acontecem casos engraçados de "hoaxes"; lembram-se de Tó Madeira, grande ponta de lança de uma edição anterior do CM? Grande furor fazia, de tal forma que a comunidade de jogadores procurou informar-se sobre ele na realidade, apenas para descobrirem que tinha sido pura invenção de um colaborador português com a base de dados do jogo. Quantos jogadores podem gabar-se de terem este tipo de interesse? É ou não é curioso?

Pena tenho eu, que passei ao lado de uma grande carreira no futebol. Tipo, a quilómetros.

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